Glória

Eu era bebê quando a minha mãe notou as manchas no meu corpo, do bumbum até a sola do pé. Ela me levou ao pediatra e se não bastasse a preocupação dela, o médico questionou se eu havia sido agredida. Após explicar que não se tratava de uma agressão, fui examinada por outros médicos e encaminhada para especialistas. Daí recebi o diagnóstico da síndrome de KT.

Quando chegou a adolescência, a vergonha veio e foi uma fase delicada, sempre usando calças para esconder as manchas avermelhadas, porém o tempo foi passando e com ele a vergonha também foi indo embora, principalmente quando os médicos disseram que não teria cura e nem cirurgias.

Ter que conviver com as dores diárias sem perspectiva de melhora foi uma das partes mais difíceis, somando com a falta de interesse dos médicos, que na maioria das vezes não conhecem bem a Síndrome. A questão da estética também incomoda um pouco pois existem pessoas preconceituosas, mas diante de tudo, eu ergo a cabeça e sigo adiante. Afinal, mesmo com as dores e esteticamente “fora do padrão” consigo viver uma vida normal.
Outra situação interessante foi que os médicos disseram que eu jamais poderia ser mãe, mas com a graça de Deus, sou mãe de três. Atualmente tenho uma vida bem corrida, eu trabalho fora, cuido da casa, marido, filhos e sempre tentando dar o meu melhor.

Hoje sou uma das centenas de participantes do grupo KT, onde busco informações, dicas e compreensão. Esta é a minha história e deixo uma mensagem para todos: “A KT nos torna raros, porém podemos ser o que quisermos. Nunca deixe alguém dizer que você não é capaz ou que é limitado. Seja resiliente e quebre todas as barreiras”.

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