Juliana
Após o diagnóstico, comecei a pesquisar sobre a síndrome, mas encontrei poucas referências e informações. O mais difícil não foi receber o diagnóstico, afinal o problema agora tinha um nome, o mais complicado foi conviver com os problemas gerados pela KT.
Nos empregos que eu tive sempre enfrentei duas situações: ou eu estava com “frescura”, supervalorizando a dor e fazendo “corpo mole”, segundo meus chefes e colegas de trabalho, ou era assediada nos ambulatórios médicos das empresas, pois alguns enfermeiros acreditavam que o motivo de tantas “visitas” ao ambulatório, era para vê-los.
Não pude realizar meu sonho de entrar para as forças armadas por ter uma perna cheia de varizes e um pouco mais comprida que a outra. E mais difícil até que as dores, inchaços e a aparência da perna é o preconceito, que se manifesta para mim com a ignorância por parte de profissionais da saúde e das pessoas a minha volta.
Encaro os desafios da KT com fé e paciência para enfrentar os dias ruins das crises, com dores quase insuportáveis. Vivo um dia após o outro, não fico sofrendo com antecedência pelo que poderá ou não acontecer. Minha rotina é agitada, trabalho com meu marido e sou mãe, esposa, dona de casa, tudo ao mesmo tempo.
Devido à diferença no comprimento das pernas, a reação de compensar tal fato ao andar é automática e considero a situação engraçada, pois parece um rebolar proposital. Para explicar, quando necessário, digo que é um charme hereditário, herdei da família do meu pai, que são todos tortos e ganhei uma perna um pouquinho mais comprida que a outra por isso parece que eu rebolo quando ando! E daí, só rindo mesmo!
Encontrar o Instituto foi a salvação para tantas dúvidas e incertezas. Para minha surpresa, não havia um grupo, e sim, uma família! Pessoas prontas para receber, entender e ajudar. Pessoas interessadas, de todos os lugares, culturas e religiões que independente de qualquer coisa estão ali com o coração aberto. Nos acolhe, aconchega e nos aninha em seus braços tal qual uma mãe faz pelos seus filhos! Entre todas essas pessoas há uma especialmente iluminada, incansável e determinada, a Jaala. Deus sabe o quanto sou grata pelo acolhimento, esclarecimento e ajuda que tem dado a todos nós. Só tenho a agradecer!
Não devemos nos esconder, só assim poderemos vencer o preconceito e o desinteresse por parte dos médicos e das pessoas que não conhecem a Síndrome. Muitos nem imaginam que há pessoas como nós no mundo, precisamos nos mostrar e assim um dia conseguiremos ser notados, respeitados e com nossos valores e direitos reconhecidos.”